Estudo norte-americano sugere que o consumo em demasia de cannabis para fins terapêuticos pode aumentar as dores em vez de as reduzir
As propriedades analgésicas da cannabis sempre foram reconhecidas, de tal forma que a sua utilização foi aprovada em diversos países para fins terapêuticos. Mas o benefício das suas propriedades depende da quantidade que é usada, segundo o estudo publicado na revista Anesthesiology.
Os investigadores da Universidade da Califórnia descobriram que o consumo moderado da substância era o que tinha maior impacto em termos terapêuticos em 15 voluntários. No entanto, aqueles que recorriam a doses maiores notaram que as dores eram agravadas.
Foram recrutados 15 voluntários saudáveis, sendo a dor induzida nestes através da injecção de capsaicina, um componente activo das pimentas conhecidas como pimentas chili. Posteriormente foi-lhes fornecido cannabis para fumarem, sendo que as doses eram determinadas pelo conteúdo de THC (tetrahidrocanabinol), uma das substâncias químicas que compõem a cannabis, sendo o principal responsável pelos efeitos da planta. Alguns dos outros pacientes eram administrados com placebo.
Após 5 minutos de consumo da planta, nenhuma das doses teve qualquer efeito nas dores sentidas pelos pacientes. Mas depois de 45 minutos, aqueles que estavam a fumar as doses moderadas de cannabis afirmaram estar muito melhor, enquanto os que fumaram quantidades superiores relataram estar com dores ainda mais fortes. Estes, no entanto, afirmaram sentir-se mais "alucinados" do que os que tomaram a dose moderada.
Mark Wallace, líder da pesquisa, acredita que estes dados podem revelar implicações sobre a forma como a cannabis é fornecido aos pacientes.
Alguns peritos mostram-se, no entanto, preocupados sobre as diferenças entre um estudo efectuado em pacientes saudáveis, comparativamente com aqueles que sofrem de cancro ou esclerose múltipla.
"Muitas pessoas com esclerose múltipla afirmam ter benefícios com a toma de cannabis, especialmente no que diz respeito às dores. No entanto, os estudos efectuados até ao momento sobre as propriedades analgésicas da planta não são suficientes para retirarmos uma conclusão válida", afirma Laura Bell, médica da Multiple Sclerosis Society.
"Estamos interessados em ver resultados com estudos efectuados em maior escala apenas em pessoas com esclerose múltipla", concluiu a médica.
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